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OS JOVENS TAMBÉM TÊM OPINIÃO SOBRE OS ASSUNTOS DO DIA-A-DIA, DO PAÍS E DO MUNDO! ESTE É O BLOG ONDE ESSA OPINIÃO CONTA. DÁ-NOS A TUA. SER JOVEM É UM ESTADO DE ESPÍRITO (e segundo a lei é dos 14 aos 30 xD)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mónica

"Cobardia era um adjectivo que não constava no dicionário de Mónica. Entretanto, muita coisa mudou e Mónica deixou os pensamentos positivos, com as fotografias que guardava como recordação, de há dez anos atrás. Sorrisos meigos não aderiam ao seu rosto cabisbaixo. Lágrimas cristalinas, atitudes impensáveis e um modo de vida totalmente irreconhecível.
João, seu pai, falecera há quatro anos, no auge de Mónica. A cumplicidade e a sua postura perante a família eram dignas.
Nestes anos, ela não teve uma adolescência. Não chorou por coisas banais nem acabou e recomeçou namoros. Durante esse tempo, ela ficou entre quatro e somente quatro paredes, sem chorar, sem sorrir ou sem manifestar qualquer tipo de sentimento. O que existira dentro dela era só o vácuo que a tinha invadido depois do sucedido.
Nem pena, nem ódio, nem medo…
Nada a devastou, nada de nada. Mónica passava os dias deitada, sentada, quiçá de pé. Não importava…
Sem música, sem vozes. Toda ela era vazia…
Isolada talvez fosse o melhor adjectivo para a qualificar…
Nos quatro anos anteriores, não houve escola, nem ocasiões especiais. A sua mãe, Natália, guardava todos os presentes que lhe comprava, e ela recusava abri-los. Este era o quinto Natal que ia passar assim, sem proferir uma única palavra, sem curvar um único sorriso dos seus lábios. O olhar era profundo, tão profundo que nem mesmo a mãe o conseguia tocar. Mónica não aceitava psicólogos, médicos ou qualquer outro tipo de ajuda. Família, amigos (que agora não tem mais), ninguém precisava chegar-se ao seu lado, pois era inútil simplesmente. Mas, havia outra coisa, outra qualquer coisa que ela fazia: escrever. E tudo o que ela pedia à mãe eram canetas e cadernos, e que nunca se acabassem… A mãe, sem saber mais que fazer, todas as prendas que ela lhe podia dar, era isso…
Um dia, uma folha solta do caderno de Mónica voou, e o vento fez com que chegasse às mãos da sua mãe, talvez coincidência… Natália, estava a passar no quintal, quando viu algo amarrotado e sujo, e decidiu pegar-lhe. Teve a certeza que era a letra de Mónica… Hesitou, é certo. Mas, ao fim de uns segundos…

Sem ponta por onde pegar,
Eu escrevo da solidão…
Que me agarro, e quero mandar,
Do sopro em mim, no coração.

Sem medos, sem horizontes.
Eu fujo do que me afugenta,
Quero beber água das fontes,
Como toda a gente bebe, e aguenta…

Sou fraca, tenho a noção,
Recuso ajuda de quem me quer bem.
Minha música faço, com imaginação,
Para não me sentir com, mas sim sem.

Meus olhos vazios de fragilidade,
Eu bato e volto a bater,
Tenho receio de sentir saudade…
Eu não sabia o que era perder
.”

Os olhos de Natália encheram-se de lágrimas e deixou-se devorar pela poesia. Ela nunca tinha lido nada assim.
Ela desejou que a filha nunca estivesse assim, ela queria passar uma borracha e apagar o sofrimento, mas sabia que essa missão era impossível…"
Hoje decidi meter aqui algo que gostassem de ler, que vos desse entusiasmo... Este é um exemplo de uma pequena história de entre muitas outras que vos vou mostrar ao longo do tempo. Comentem bem, ou mal ;)
Beijinhos,
Danihell

3 comentários:

Underworld disse...

Optima historia =), um tema extremamente actual, quantos adolescentes caem nesse estado de apatia e decadencia, e se isolam =\
Se bem que na minha opiniao há um confronto de ideias, a solidão ajuda na refleçao, no proprio crescimento, mas ao mesmo tempo cria esse buraco tao profundo, que nos suga a alma e destroi a vida.

Anónimo disse...

tenho lido todos os posts e gostado bastante do resultado do blog, só tenho pena que o rapaz das sextas nunca post. não sei, parece-me um bocadinho mal.

André P. disse...

Muito bom post! Só hoje é que li mesmo com atenção... Muito bem escrito! E o poema ficou muito bem inserido... Ainda por cima, como disse o Underworld, esse é um problema bastante comum actualmente... infelizmente! Talvez por fraqueza ou até por necessidade... sim, necessidade, acho que toda a gente precisa de um momento "sozinho" quando se está em baixo, agora tanto tempo já não é normal!

Beijinhos e Abraços,
André