quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Abstenção, Cavaco Silva, Gripe A e Uma Mulher Sobrenatural
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Asfixia Democrática?
Consultem a imagem:
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Praxe!
Associado à praxe académica, está o mote Dura Praxis, Sed Praxis - a praxe é dura, mas é praxe! - baseada no mote latino Dura Lex, Sed Lex.
Comentem!! =)
Mateus Serra (estado: Pretes a praxar!)
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Promessa!
Peço desculpa por hoje não ter podido postar, mas o inicio de semestre é sempre uma coisa complicada, tratar de montes de inscrições e "desincrições" e horários e dar uma olhada nas coisas para que as aulas de amanhã não apareçam de para-quedas, mas eu prometo que amanhã edito este post para cá escrever o que realmente tinha em mente!
Espero que compreendam :)
Beijinhos e Abraços,
André Patrício
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Holocausto
http://www.youtube.com/watch?v=43U3lppRzCA&feature=PlayList&p=280C9B5635F408D6&playnext=1&playnext_from=PL&index=2
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Faltas injustificadas (indirecta ao PS)
Ainda se lembram de mim? LOL. É verdade, tenho andado a falhar muito no blog e venho aqui pedir as minhas desculpas por não ter postado ontem...
Para além de ontem ter estado sem net (Clix, no seu melhor, a arranjar linhas telefónicas) não ia postar de qualquer maneira por motivos pessoais... digamos que tenho que estudar e as prioridades foram desde o inicio estabelecidas!
De qualquer maneira pedi a um membro da Fórum Jovem para avisar do sucedido mas provavelmente passou em esquecimento! Mas prometo que para a semana cá estou com mais um tema bastante (des)interessante!
As minhas desculpas, beijinhos e abraços,
André Patrício
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Swing
Swing... uma cena que para muitos faz todo o sentido, para alguns (como eu) não faz sentido nenhum! ...
E eu ate sou todo do "legalize" sim! ... e tal... Mas é com as mulheres dos outros! Isso de andarem a comer a febra que eu andei tempo sem fim a grelhar não me parece bem!
Ta bem que é "a partilha" e tal e isso é tudo muito bonito! Mas não contem comigo!
LOL... Depois deste pequeno desabafo vou então explicar o que é o swing para aqueles que não estão na vanguarda da javardice! LOL
O swing ou troca de casais é um relacionamento sexual entre dois casais estáveis que praticam sexo grupal. Existem correntes que consideram o swing quando um casal adiciona um ou mais elementos numa relação sexual.
* Soft Swing - troca de parceiros com caricias, beijos e sexo oral, não há penetração.
* Hard Swing - troca de parceiros com penetração.
Conforme a interação entre os participantes o swing pode ser:
* Sexo no mesmo ambiente com bissexualismo (masculino ou feminino)
* Sexo no mesmo ambiente com troca de carícias,sexo oral mas sem troca na penetração
* Sexo no mesmo ambiente com troca na penetração
sexo acontece com homens e mulheres como também acontece mulher com mulher(bi ou lésbica) ou homem com homem(gay ou bi).
Conforme a orientação sexual dos participantes o swing pode ser:
MFFM
swing entre mulheres bissexuais e homens heterossexuais
MFMF
swing entre mulheres e homens heterossexuais
FMMF
swing entre mulheres heterossexuais e homens bissexuais
MMFF
swing entre mulheres e homens bissexuais
(HUMMM .... Muito elucidativo... mas não deixa de ser aquilo que nós sabemos!)
São locais destinados à prática de swing, com acesso restrito apenas a casais. Em algumas festas temáticas pode ser permitida a entrada de pessoas sozinhas, de um ou ambos os sexos, para fins de ménage. Os clubes podem ser exclusivos para casais swingers, ou terem outras actividades (boate erótica, por exemplo), reservando um dia da semana para eventos swingers. Alguns dos clubes permitem o acesso a pessoas sozinhas em alguns dias da semana ou em alguns casos em espaços separados dos casais.
A maioria dos clubes de swing é dividida em dois espaços: uma boate com música de diversos tipos (gravada ou ao vivo) e um "espaço íntimo", acessível por uma porta discreta.
A boate: sua estrutura pouco difere de uma boate convencional. Os casais dançam, consomem bebida e petiscos como em qualquer boate. O diferencial está nas brincadeiras eróticas e na apresentação de stripteases masculinos e femininos. Às vezes, também ocorrem performances de casais strippers, ou com objectos eróticos. Os strippers costumam interagir com a plateia, mas só o fazem se devidamente autorizados pelo casal ou pessoa abordada. No primeiro sinal de desinteresse, se afastam. A pista de dança pode ter queijinhos e mastro para facilitar danças eróticas. Em alguns locais, também há estrutura para sex shop, janela indiscreta, paredão e box transparente com chuveiro para performances com água.
(FOGO! Muito à frente! até mesmo para mim... Mas que raio são queijinhos??? Vê-se mesmo que nunca estive numa boate!)
O espaço íntimo: varia conforme a casa de swing, embora camão e darkroom sejam tradicionais. A seguir, uma breve descrição do que é possível encontrar na área íntima de uma casa de swing:
* camão ou tatame: cama enorme na qual vários casais praticam sexo simultaneamente. Ao seu redor, é comum a presença de vários casais assistindo e estimulando os demais participantes
* darkroom ou jogo do quarto escuro (pt): ambientes sem iluminação, completamente escuro, com poltronas ou sofás nos quais os casais trocam carícias ou mesmo relacionam-se sexualmente. O estímulo desejado é mais auditivo que visual, e permite grande privacidade
* aquário: quartos com paredes de vidro nos quais os casais se relacionam a portas fechadas enquanto do lado de fora outros assistem
* confessionário: salas com camas ou poltronas individuais, separadas do ambiente externo por treliça. Permitem a quem está de fora assistir a relação sexual
* labirinto: sala com pouca iluminação, estruturada na forma de labirinto, cujo objectivo é encontrar a saída. No trajecto, os casais trocam carícias e encontram pequenas surpresas, como confessionários, espalhados pelo ambiente.
* cadeira erótica: cadeira especialmente projectada para facilitar grande número de posições sexuais
(MAN!!! Labirinto??? Tipo jogo de computador??? Tentas descobrir a saida e se comeres gajas dá BONUS!!!)
Grupos de pessoas que acreditam na filosofia swinger e seguem este modo de vida
* Comunidades físicas: Existem inúmeros grupos que podemos considerar comunidades físicas ou presenciais, que organizam eventos privados, como festas e encontros, para promover o encontro entre casais liberais. Existem inúmeros exemplos de grupos de casais liberais no Mundo, especialmente em países onde os espaços swingers não são muito fidedignos para casais por a entrada ser livre a qualquer casal, o que leva muitas vezes ao aparecimento de “casais de ocasião”, que não são bem aceites pela maioria dos membros da comunidade swing.
* Comunidades virtuais – As comunidades virtuais ajudam os casais liberais a conhecerem outros casais, a comunicarem uns com os outros, e a publicarem as suas noticias, publicitarem eventos ou simplesmente partilharem experiências.
Estas ajudam também as pessoas interessadas no swing a conhecerem melhor a filosofia e a iniciarem-se conhecendo outros casais e espaços.
Temos por exemplo os portugueses:
http://www.swingersportugal.com
e
http://www.swpt.org/
SITES SÓ PARA MAIORES DE 18 ANOS (Ou menores se acompanhados pelos pais!)
Foi o tema de hoje! Diz que para a próxima é que o tema é mesmo interessante!
Mateus Serra Beijinhos abraços (e caricias mas sem swing sff!)
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Elixir da Juventude
"Maravilhosos são os bosques
Profundos e sombrios
Mas tenho promessas a cumprir
Um longo caminho antes de durmir
um longo caminho antes de durmir"
Ao ler este excerto, questiono-me se haverá quadra mais adequada, a qualquer jovem na sua fase de eterno adolescente. Uma fase que para muitos de nós é dominada pela aterradora palavra "futuro". Não sabemos qual o seu rosto, mas sabemos que vai ficando cada vez menos distante, e que da mesma maneira a noção de responsabilidade fica cada vez mais clara, como se ambas as palavras, ambos significados navegassem no mesmo barco e possuíssem alguma relação proporcional. Enquanto evitamos tais pensamentos, distraímo-nos nos maravilhosos bosques da juventude, apreciando as suas paisagens e desfrutando de todas as suas regalias como se não houvesse amanhã, como se nada mais importasse. À medida que vamos percorrendo e conhecendo tais bosques, deparamo-nos com a cruel realidade. O bosques que nos tempos de outrora, estavam repletos de maravilhas, também continham paisagens obscuras e regalias indesejadas, e acabamos por descubrir o seu lado profundo e sombrio. Tendo noção de tal ambiguidade, deveríamos mentalizarmo-nos que não devemos temer a palavra "responsabilidade" nem a palavra "futuro", mas sim drebruçarmo-nos sobre as mesmas, para percorrermos os infinitos bosques da juventude que nos levam ao "descanso" merecido e nos desvendam o rosto do destino.
Por eles percorro a efémera juventude
Umas vezes cego, outras vezes desperto
Neles vejo a noite e o dia,
Neles distingo o crepúsculo da vida!
sábado, 5 de setembro de 2009
Fórum Jovem - Vídeo
fig.1 fotografia da Maya (ou da prima) tirada na praia este verão, cortesia TV7 Dias n.1170 (presente no vídeo);
fig.2 outdor sobre a selecção portuguesa presente no vídeo,
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Faz parte
Corria sempre pelos trilhos cheios de ervas daninhas e adorava saltar sobre as pedras. Passeava horas de bicicleta sem nunca se cansar e jogava às cortas sozinha… Há infortúnios da vida que vêm sem os querermos receber. Há uns anos, aquela cabeça leve e arejada respirava o ar de alguém que era mais do que um amor; um companheiro. Vida a dois é sempre complicada, mas não para ela. Ela tinha nascido para ter alguém, para ser dedicada por natureza. Só que, por vezes, quanto mais nos debruçamos sobre algo, mais o ritmo nos foge sob os pés, mais o barulho da torneira se confunde por entre o ruído das ceifeiras.
Nada mais do que a morte à nossa porta, nada menos do que voltar a ficar sozinho. Ela nunca mais voltaria a dormir ao lado de alguém, nunca mais o sorriso doce e pálido se esboçara para alguém. ‘Bom dia’, ainda murmurava às vizinhas. Mas não, aquele cheiro tradicional das casas de pedra absorvera-se como a água infiltrada nas gretas da casa. Cheirava sempre a pão e a madeira velha. As cadeiras nunca tinham sido antes envernizadas, de certo. No sótão, ouviam-se ruídos dos bichos a passearem-se como que as senhoras na avenida. Porque quereria ela ficar? Gostaria do pó no soalho, das janelas cheias de dedadas nos vidros, do calor insuportável do Verão, da loucura que a solidão lhe proporcionava?
Ela podia pegar nas malas e sair porta fora sem nunca mais voltar. Mas a pouca mentalidade que ainda lhe restava, teimava em prender-se ao desinteresse, àquela vida mesquinha de quem se contenta com pouco. Teria medo de deixar as visitas à campa nos domingos? Nunca lhe teriam dito que o cemitério não muda de residência? Ela podia voltar as vezes que quisesse, mas ela confessara para si mesma de que o hábito se torna mais apetitoso do que a própria palavra viver. Talvez fosse comodismo, que não a deixava ser oportunista.
Enquanto ela passava os dias sentadas numa cadeira, com um olhar perdido, e um sorriso guardado na palma das mãos fechadas, as outras falavam da vida alheia, inclusive da dela. Interrogava-se porque seria sempre a favorita das fofocas da aldeia. ‘Talvez devesse mesmo sair daqui’, ainda pensava. Mas os músculos contraiam-se e quase que se enrolavam às pernas das cadeiras velhas com cheiro a madeira podre. Ela tinha medo de tudo, não conhecia uma única cidade. Sabe lá ela o que é a liberdade. Julgava-se sábia, mas desconhecia o cheiro ao escape dos carros a soltarem mais e mais fumo. Aninhava-se apenas na cama e cantava baixinho como que a embalar-se. Passava dias nisto… A mobília já não tinha que limpar, a loiça era tão pouca e não havia mais nada que a pudesse tornar útil dentro daquele casario. Já se imaginava em velha a fazer tricô, ou talvez nem lá chegasse. Em todo este tempo, a sua cabeça estava desfeita entre choros consecutivos, ou em cantorias desalegres. Chegou a hora de crescer mais um pouco, mas o tempo passava por ela sem a ver. A sua simplicidade e ignorância tornava-a cada vez mais translúcida. Ela podia sair à rua, e juntar-se às banais coscuvilheiras, mas preferia passar os dias a agradar a Deus, a rezar e a preocupar-se em ser uma boa dona de casa, tal como mandam as tradições. Já nem pagava na renda, e o dinheiro que as tias de longe lhe mandavam, chegavam perfeitamente para pagar a meia dúzia de banhos tomados num mês, ou pelas sopas que lhe duravam a semana inteira.
O comodismo apoderou-se da pessoa que sempre foi, e acabou em alguém transparente. Os que passavam, já não a viam na janela, pois a sua presença era tão certa, que o seu rosto acabava colado nos vidros sujos. Simplesmente, aquela pessoa achava que a solidão tinha que fazer parte, mas ninguém lhe falou de que esse passo era só um passo oportuno da velhice, e não de quem tinha apenas vinte e poucos anos. É triste saber que ainda há gente que pensa que quem canta, reza duas vezes, e por isso passa dias a cantar, ou a pensar o quanto Deus é bom. Já ninguém acredita em fé. Ninguém tem que achar que faz parte. A rapariga cuja casa caía de velhice, acabou por morrer de desgosto, de infelicidade e insatisfação. É assim que muita gente morre. E tudo isso porque ainda acreditam que ‘faz parte’…
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
De pés descalços
De pés descalços se levanta ao inicio da manhã. Deambula pelos corredores da casa, chega à casa de banho e olha-se no espelho.
Um farrapo.
Pensa ela enquanto toca no cabelo despenteado e desajeitado, acrescentando caracóis aos imensos que lhe adornam a cabeça, procurando algum sinal de que tenha dormido, ao espelho, mas só encontra olheiras, o preto dos olhos um pouco borrado e aquilo que chamaria de a urgência imediata de ir para o banho.
Tira as alças da camisa de dormir que lhe desliza pelas ancas e lhe cai junto aos pés, pega numa toalha seca e pendura-a junto à banheira, abre a torneira da água quente e deixa correr um pouco enquanto esta não aquece, verifica o telemóvel sentada no tampo da sanita com uma perna dobrada ao mesmo nível, aproveitando para brincar com os dedos dos pés, e sobre a qual se debruça enquanto a outra se encontra apoiada no chão, sobre o tapete da casa de banho.
Uma mensagem do Gustavo? Mas quantas vezes tenho que lhe explicar que está tudo terminado? Não aguento mais isto.
Já se vê o vapor, da água a ferver, que sobe até ao tecto e é absorvido pelo ventilador, ela tenta desligar-se dos problemas do mundo exterior e pousa o telemóvel junto ao lavatório, despe as cuecas vermelho bordeaux que tinha vestido a noite passada e atira-as para junto da camisa de dormir que tivera despido há instantes e que estavam no mesmo sítio desde então. Entra na banheira e liga o chuveiro. Deixa a água quente queimar-lhe o corpo todo. Aquele calor, aquele sentimento de sair fora do seu próprio corpo e tornar-se ela própria na corrente de água que lhe passa pela pele e lhe lava a alma, tirando-lhe todos os pesadelos que sonhou á noite, fazendo-a esquecer de todos os problemas, elevando a sua mente a um nível superior de abstracção. Ela precisa disso. Verónica precisa de se abstrair dos problemas com o ex-namorado que a persegue para todo o sítio desde que terminaram; precisa de esquecer as contas que não param de aumentar; as tentativas de relacionamentos que têm falhado de há seis meses para cá por causa de Gustavo; precisa de esquecer a crise de criatividade no trabalho; os problemas com os pais que, apesar dos seus vinte e oito anos, continuam a querer meter-se em todas as suas decisões e a querer decidir a sua vida por ela.
Durante um banho a escaldar, quase a queimar a pele, dá para pensar esquecer isso tudo, massajar o corpo, relaxar pois é domingo e, apesar de se ter levantado cedo por não conseguir dormir mais, hoje não vai trabalhar. Mas também dá para pensar nisso tudo. E foi isso, esses pensamentos novamente, que lhe interrompem o prazer do banho e que a fazem sair de dentro da banheira, rodeada de vapor. Coloca uma toalha no cabelo e outra à volta do peito. Não se seca, deixa-se secar. Vai pelo corredor, vazio e apagado, frio e contrastante com o banho, entra na cozinha e abre a porta do frigorífico, tira um pacote de leite, serve-se num copo, encosta-se ao balcão da cozinha e olha pela janela do apartamento. Vê alguns pássaros nas poucas árvores da avenida onde mora, observa o trânsito calmo de uma manhã de Domingo que ainda não despertou como deve de ser e pensa nas voltas que a vida dá.
Ainda ontem era miúda, a querer entrar para a universidade, que adorava desenhar e como tal queria ser arquitecta, projectar quem sabe a sua casa de sonho e nela viver. Conhecer o príncipe dos seus sonhos, ter filhos, um ou quem sabe dois, um cão para passear nestas manhãs de domingo; ainda ontem era um pote de sonhos, mas parece que o pote caiu no chão. O curso acabou de pressa e para trás ficam as noites académicas, os jantares de curso, as cinco semanas académicas, cada uma mais gostosa que a outra, o sabor a ressaca em domingos como este. Para trás fica o primeiro beijo que deu em Gustavo, o girasso de engenharias que lhe andava a piscar o olho há já algum tempo. Diga-se que o primeiro beijo até nem foi grande coisa, no meio de uma discoteca qualquer, meio bêbedos os dois, zonzos e com a boca a saber a vinho, de tantos copos seguidos que tinham bebido no jantar de curso há umas horas, foram juntos para casa e depois de muito mel, de estarem já sem roupa, preparados, ou não, para as exigências que advêm do próximo passo, ela teve que ir vomitar e ele deixou-se dormir no entretanto. Contudo ela deitou-se a seu lado e no outro dia agradeceram (talvez cinicamente) o facto de nada ter acontecido, ficaram amigos e passados dois meses, já com conhecimento de facto, começaram a namorar, desta vez muito mais sóbrios.
Olha pela janela, distraída, pensa no quão miúda era ainda ontem, quando entrou para o seu estágio, numa grande empresa, onde ela era igual a tantas outras empregadas ou funcionárias e onde o curso de pouco ou nada lhe valia, autêntica carne para canhão, tratada de empurrão de corredor em corredor e as dúvidas todas que a assaltaram no momento. Decidiu ficar e por sorte um dia um esboço seu chegou às mãos da pessoa certa, não subiu muito na carreira de imediato, mas ganhou prestigio, ganhou certa autonomia e o direito a uma secretária só sua, onde faz sobretudo correcções a projectos dos senhores arquitectos, as caras da empresa, quem lhe ralha quando se atrasa e quem nada lhe diz quando não falha, os mesmos que na semana passada lhe deixaram um memorando na secretária, relembrando-a da grandiosidade daquela empresa, do seu ritmo competitivo, terminando com um sério aviso sobre a sua fraca produtividade nos últimos tempos e aconselhando-a a melhorar pois “esta é uma empresa da linha da frente, de campeões, feita por pessoas exigentes para pessoas exigentes, onde só os melhores têm lugar (…) “, por outras palavras a uma espécie de ultimado cheio de palavras caras.
Como é que eles querem que eu produza mais? Ando de rastos com a separação e o Gustavo não tem facilitado as coisas; não posso contar com a ajuda dos meus pais e a melhor amiga que tenho a Carla é a pessoa mais falsa do mundo… como, gostava que me dissessem como é que eu posso fazer mais…
Enquanto observa os pássaros que alimentam as choronas das duas crias nas copas das árvores mesmo por debaixo do seu parapeito lembra-se da última vez que falou com os seus pais já fazia uns praticamente três anos, mais coisa menos coisa, quando o pai tinha sido apanhado com outra mulher. Numa situação destas é difícil saber como se reagir. Ela deixou de falar ao pai; a mãe perdoou; ela considerou a mãe uma fraca; a mãe deixou de lhe falar; no meio disto tudo o seu único apoio foi o Gustavo. Teve que suportar as árduas provações do estágio, arranjar um part-time para ganhar algum para pagar a renda da casa que passou a dividir com o namorado pois com os pais sabia que não podia contar, nem queria.
Mas agora o cerco estava a apertar. Sem ninguém com quem dividir as contas, com a sua vida amorosa desfeita, com o emprego preso por um fio e com umas saudades de casa e da sua mãe (sobretudo) ela estava a dar em doida.
A noite passada tentou sair para se divertir. Arranjou o seu longo e volumoso cabelo encaracolado, colocou a sua lingerie preferida, vestiu o seu vestido preto, o que a mais a favorecia: justo ao seu rabo redondo e volumoso, ligeiramente decotado no peito sem revelar demasiado, delineado a curvatura do seu corpo, e deixando à mostra, para deslumbre de muitos homens, as suas longas e bronzeadas pernas, adornadas com uns saltos altos que lhe encaixavam na perfeição e que lhe fazia subir dos sessenta e picos para os setenta. Pintou os olhos verdes e claros com um preto forte à volta, maquilhou-se, quanto baste, um pouco de base um pouco de blush e colocou o seu perfume preferido: Touch Of Pink (Lacoste). Estava pronta para impressionar e ser a rainha da noite, mas, quando estava sentada no sofá de um bar lounge no centro da cidade, onde o pessoal da empresa se costuma encontrar, a conversar com um mero colega (que talvez pudesse vir a ser mais que isso, não por ela, mas mais por ele que se babava completamente para ela) eis que aparece um figurante. Uma personagem que já devia ter morrido umas cenas atrás mas que teimava em ressuscitar, qual Cristo, e aparecer novamente em cena: Gustavo.
Ele já tinha estragado tudo entre eles com as brigas, os ciúmes, os preconceitos, as invejas, a miséria do seu insucesso como pessoa inadaptada ao mundo adulto tinha dado cabo da relação deles. Era mais hábito que outra coisa qualquer, mas não era nada cómodo e como tal, Verónica, decide por ponto final à situação. Mas se antes discutiam sempre que se viam, agora não era diferente, bem, a única diferença era o facto de que antes tinham que se ver, agora não, mas ele insistia em persegui-la fosse onde fosse para lhe arruinar os planos, como se ainda tivessem alguma coisa.
A noite terminou cedo, inesperadamente, teve que o ameaçar dizendo que chamava a Policia para que ele não a perseguisse até casa, tentou evitar o escândalo no bar mas foi difícil disfarçar.
Boa, agora vão pensar que sou alguma galdéria que deixa o namorado em casa e vem sair para os bares toda aperaltada para engatar outros homens. Só me faltava esta, fama de vadia.
Levou a chávena mais uma vez à boca e reparou que já tinha bebido o leite todo enquanto se perdera nestes pensamentos. Decidiu que não podia ficar ali parada. Foi guardar o pacote de leite e reparou que não tinha muita coisa no frigorífico.
Boa, junta-se o útil ao agradável.
Decidiu que ia sair, dar uma volta de carro, parar na praia, olhar as ondas, beber um café, depois passar pelo supermercado e comprar o que lhe fizesse falta, almoçar uma coisa rápida e depois trabalhar nos projectos em atraso que tinha trazido para casa na sexta-feira.
Temos que começar por algum lado. Pensou ela enquanto dava à chave para por o carro a trabalhar. Dirigiu-se à saída do parque de estacionamento subterrâneo, subiu a rampa e fez stop. Não conseguiu ver nada para o lado esquerdo. Uma carrinha de entregas mal estacionada impedia-lhe ver para esse lado. Esgueirou-se um pouco para dentro da estrada para ver. Foi ai que viu. Um clarão branco muito intenso. Silêncio. Os pés frios. Escuro.
De pés descalços, era como seguia na maca para o bloco operatório. Vários traumatismos e uma hemorragia interna no tórax deram-lhe o estatuto de ferido grave nos noticiários. Voltou a abrir os olhos durante a azáfama do corredor das urgências, viu a cara de aflitos dos médicos, viu as luzes do tecto e depois não viu mais nada.
Mais nada, não conseguimos fazer mais nada, ela sofreu uma perfuração nos pulmões e nós não conseguimos fazer mais nada para a ajudar. Lamentamos.
Foi o que disse o médio que recebeu os pais no Hospital. Ela não viu mais nada. Não viu o carro em excesso de velocidade que seguia na sua direcção, onde seguia um jovem ao volante, pouco mais novo que ela, que só agora se ia deitar depois de uma noite de grande farra. Ela não viu e ele não a viu a ela. Ele não viu grande coisa depois da uma da manhã. Não viu que vinha um carro a sair; não viu que seguia em excesso de velocidade; não viu que não levava cinto de segurança; e já não terá visto o asfalto quando embateu de frente com este depois de ter sido cuspido pelo vidro da frente do carro. Ela também já não viu nada.
Não viu os seus pais chorar no corredor, não viu Gustavo a segurar-lhe a mão na maca de ambulância, não chegou a ver os seus filhos; a casa que queria construir; não chegou a escolher o cão que queria ter para passear em manhãs como esta; não chegou a ver a torre Eiffel de perto na viagem a paris que queria para lua-de-mel; não chegou a ver o rebentar das ondas magníficas que faziam nesse dia. A única coisa que viu foram recordações de infância, momentos de pés descalços, inocentes, onde se refugiou e encontrou o abrigo dos momentos mais felizes da sua vida.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Talão de Devolução
Tendo escarrapachado já as minhas desculpas passo então a um tema sério (para variar) que acredito que muitos de vocês desconheciam:
Andava eu a folhear uma revista feminina entre assuntos do tipo Como: não engordar, encontrar marido, não envelhecer, encontrar roupa, ter tempo, ficar mais bela, não gastar tanto, ter uma melhor relação, etc. e outros do tipo: Porque é que o homens: perdem a cabeça por futebol, preferem filmes de acção, adoram ecrãs gigantes, devoram massa, fazem tudo pelos amigos, vivem na inocência, detestam dançar, querem todos ser o Rambo, e por ai fora...
Estava quase a vomitar para cima de tal revista, que ate tinha umas folhas que pareciam que absorviam bem uma açorda de alho, quando finalmente até dei com um tema interessante, escrito por Barbara Bettencourt talvez a única pessoa que não é um neandertal naquela redacção. E falava sobre isto:
A ADOPÇÃO quando corre MAL
Toda a gente sabe que os processos burocráticos para adopção de uma criança são a 'dor de cabeça' de todos os pais desejosos por um filho adoptivo.
O que talvez não saibam é que existe um prazo de 6 meses em que os pais podem devolver a criança se esta não corresponder às expectativas.
Há casos de crianças devolvidas porque são violentas, porque são más na escola, porque dizem asneiras como se de uma mercadoria se tratasse.
Um caso de 2006 relata uma criança devolvida ao orfanato porque batia no cão!!!
E é aqui que se vê que algo não bate certo! Pais que preferem o cão ao filho! Mete-se o cão num canil? NÃO! Mete-se o filho no orfanato!!!
Numa média de 500 crianças adoptadas por ano cerca de 25 são devolvidas. Em termos percentuais talvez seja pouco 0,05%, mas parem um pouco para pensar no ponto de vista dessas crianças! O que é que sentiam se fossem devolvidas pelos vossos pais!?
É um choque traumático muito grande, os pais que devem amar um filho incondicionalmente o devolvem ao orfanato é porque deve haver algo de muito errado com a criança, quando normalmente é com os pais que algo não bate bem! Por vezes crianças que são devolvidas, são adoptadas por uma segunda família em quem voltam a confiar os seus sentimentos e acabam por ser devolvidas uma segunda vez!
Muitas destas crianças tornam-se muito frias afectivamente, e algumas recusam-se mesmo a voltarem a ser adoptadas com medo de uma nova rejeição.
São casos ditos 'pontuais' pelo Instituto de Serviços Sociais, mas o que é certo é que merecem ser percebidos um pouco melhor, para que esses casos 'pontuais' não se repitam para o bem-estar das crianças, que no fim de contas são as que mais pagam sendo as que menos culpa têm!
Assim me despeço - Mateus Serra - O Gajo das Terças
(que foi o gajo ausente das terças mas que agora ate diz que está de volta e tal)
Até para a semana!
P.S. - Esta foi a mensagem número 69 deste blog!!!! (não sei se interessa mas achei engraçado)